quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O desabrochar de nossa amada 2 - A telenovela

O terceiro período inicia-se com o título Beto Rochfeller,primeiro arquétipo real da novela brasileira moderna. Ismael Fernandes, historiador do gênero, escreve:” A principal mudança que Beto Rochfeller estabeleceu como modelo para o futuro da tele novela foi o seguimento livre da história. As frases feitas e grandeloqüetes que marcavam até então a linguagem foram substituidas por formas de expressão mais coloquiais,um reflexo fiel da nossa maneira de falar. A direção dos atores, que era feita por Lima Duarte, contribuiu ainda mais para essa evolução.Os atores ficavam soltos e agindo apenas segundo as emoções dos personages, evitando as marcações e enquadramento mecânico e gratuito. A integração texto-imagem era perfeita”.
Beto Rochfeller foi lançada em 4 de novembro de 1968 pela TV Tupi, inspirada no romance de Bráulio Pedroso, ela reinou mais de um ano nos vídeos, trasformando radicalmente a fórmula da novela . Tinha um ritmo mais rápido, linguagem e movimentos dos atores mais soltos, Beto Rochfeller introduz principalmente umoutro tipo de herói ou anti-herói, uma pessoa comum, de origem pobre, que buscava a ascenção na escala social , mesmo tendo que usar os seus recursos de astúcia. Os críticos o classificaram como “próximo ao caráter brasileiro”. Pela primeira vez as classes socias é representada em uma novela .Todos viviam conflitos e se enfrentavam na sociedade ,desde o industrial que conquistou seu espaço, até o auxiliar de mecânico. “O mundo das classes médias urbanas brasileiras, com seus dramas e sua aspirações, invadia as telenovelas”.
As características desta etapa são: diàlogos menos forçados, certa margem de improvisação, mais gravações externas, aumento do número de tomadas e de cenas e das seqüencias, e, consequentimente, uma narração mais rápida. Por essa causa ,o estilo de teleteatro é anulada a medida que a linguagem ficou mais próxima do cinema.
Por se afastar do sentimentalismo em excesso,foi que Beto Rochfeller se afirmou , aparecendo como a primeira “novela verdade”, criando situações sociais que se aproximavam da realidade conhecida pelos telespectadores de um modo realista em termos de imagem”.
Segundo um crítico da televisão brasileira, Décio Pignatari: “Beto coincide ainda com a grande inovação tecnológica do teipe. Graças ao teipe que o teleteatro virou telenovela… O teipe é um instrumento sem alta definição, com foco profundo de fotografia, que usa muito a retícula e que por isso é mais adequado ao primeiro plano e ao planos médios. Ele exigiu um outro enquadramento de câmera, e conceqüentemente outra postura do ator. Com a câmera quase centrada só no rosto, foi preciso definir a fala. Ela deixa de ser literária, passa a ser mais solta, descontraída, no tom coloquial. Isso aparece claramente em Beto Rochfeller, um trabalho que resultou das experiêcias da vanguarda cultural feitas por Fernado Faro na Tupi com um programa chamado Móbile. Essas experimentações verbais e não verbiais inspiram Lima Duarte para imprimir um ritmo ágil à direção de Beto, que atraiu pela primeira vez a juventude urbana mais sofisticada, além do público masculino”.
Esta obra de ficção que marca a entrada da novela na modernidade, inaugura também o encontro de gênero nacional com o público defitivamente maior, emglobando todas as classes sociais e todas as idades.
A fórmula estava descoberta. A novela se mostrava muito conveniente à industria televisiva, pois o gênero é perfeitamente adaptável às exigências da publicidade. Ainda que a novala Beto Rochfeller tinha sido exibida em uma emissora concorrente, anunciando uma nova geração de produtos televisivos, o desabrochar se dará na Rede Globo, que soube antes das outras gerar dinheiro com as descobertas.






LIVRO: O carnaval das imagens
AUTORES: Michéle & Armand Mattelart
SITE:You Tube

POR ISABELE BONFIM

Um comentário:

Márcio disse...

smstentsIsabelle,

Quantos posts.Por que você não fez isso ao longo do semestre?