O desabrochar de nossa amada - A telenovela

A novela brasileira passou por várias etapas antes de assumir a forma atual. Sua história no Brasil começa realmente em 1963. Justamente naquele ano, a produção de ficção se achava dominada ou por roteiros importados ou por adaptacões de grandes romances populares do patrimônio mundial que já havia conhecido versões rodiofônicas ou cinematográficas (as obras de Charles Dickiens, Alexandre Dumas, Victor Hugo…) Nesta fase, a televisão brasilleira estava bem mais interessada em montar grandes espetáculos teatrais, que sem dúvida não atraíam grandes audiências, porém garantiam à telinha a marca de qualidade nos seus primeiros passos.
A primeira etapa começa em julho de 1963 com o lançamento pela TV Excelsior de 25 499 ocupado, adaptação de um roteiro argentino, feita por Dulce Santuccii, que começara no rádio. Um mês no ar foi sufíciente para que essa primeira novela, passasse a ser exibida diariamente, fato inédito até então. Começando portanto com essa pequena revolução provocada por 25 499 ocupado,esse período foi marcado pelo predomínio de roteiros importados da Argentina, México e Cuba. Simultâneamente eram traduzidas adaptações de roteiros emprestados ao patrimônio das novelas radiofônicas nacionais e adaptações de roteiros estrageiros ao gosto do público brasileiro.
O sucesso de A moça que veio de longe, adaptada de um roteiro argentino por Ivani Ribeiro e lançada também pela TV Excelsior, vai demonstrar a capacidade que tem uma novela de monopolizar um público - verdadeira revelação para o pessoal da televisão brasileira daquela época. Foi a partir de então que a novela ganha o seu espaço cotidiano no horário nobre das 20 horas.

Elenco da novela: A moça que veio de longe

O segundo período é inaugurado com a grande alegria provocada em 1965 por O direito de nascer, que consegue trazer para a televisão o sucesso incrível que a novela tivera no rádio, após a Segunda Gerra Mundial. A adaptação do roteiro para a televisão foi feita através de um contrato entre a TV Tupi e uma agência de publicidade que trabalhava para uma indústria de cosméticos. O sucesso atingido por ela conseguiu influenciar todas as emissoras a aumentar o número de novelas em sua programação. Passaram a exibir no mínimo quatro novelas,uma a mais do que antes. Mesmo uma emissora como a TV Record, até então avessa ao gênero foi seduzida. Nessa época a novela se consolida na programação das emissoras e os autores nacionais começam a afirmar sua autonomia e afastar-se dos roteiros importados.

Nem todas as emissoras seguiram a mesma política: a TV Excelcior, reconhecida como o verdadeiro laboratório da telenovela brasileira, favorecerá as produções nacionais em estilo pomposo e grandioso. Por outro lado a TVGlobo continuará a se apoiar até 1969 nas produções dirigidas pela cubana Glória Magadan,dando preferência às novelas que se passam no Marrocos, no México, na Espanha, no Japão ou na Rússia. São fórmulas infalíveis que retomam os caminhos do melodrama: “masmorras,calabouços, tavernas, hospitais e saídas secretas de castelos mal-assombrados,com personagens esterotipados: os bonitos, os feios e os antipáticos, os galãs,os coitadinhos e os vilões… ambientes exóticos, romaces dramáticos de capa e espada e personages misteriosos”. Porém os brasileiros não se identificaram com tais produções, então, se instaurará a nova fase da tv brasileira que será contada no próximo capítulo.

Por Isabele Bonfim

Livro: O carnaval das imagens

Autores: Michéle & Armand Mattelart

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